Em nosso terceiro estudo sobre os impactos negativos da tributação de dividendos, vamos focar no importante fenômeno de fuga de capitais e de redução da atratividade do Brasil como destino de investimentos produtivos, ocasionado por essa tributação, do ponto de vista econômico, especialmente quando aplicada a patamares elevados ou de forma abrupta. Esse mecanismo impacta tanto investidores estrangeiros quanto nacionais e pode comprometer a capacidade do país de financiar crescimento de longo prazo.
Aspecto Econômico do Impacto
No contexto global, o capital é altamente móvel. Investidores buscam incessantemente maximizar o retorno ajustado ao risco após a incidência de tributos. Quando o Brasil eleva sua tributação sobre dividendos — especialmente sem uma redução compensatória nas alíquotas corporativas —, o custo de investir ou permanecer no país sobe substancialmente em comparação com outras jurisdições que praticam taxas mais competitivas ou dispõem de mecanismos para eliminar a dupla tributação, como pudemos detalhar no estudo anterior.
Esse cenário acarreta três consequências principais:
Como se Dá a Fuga de Capitais
A fuga de capitais não ocorre apenas de forma repentina e total, mas se manifesta em diversas frentes econômicas e jurídicas:
Consequências e Diagnóstico para o Brasil
Em um país de elevado custo de capital, como o Brasil, onde a taxa de poupança doméstica é cronicamente baixa, restringir ainda mais a disponibilidade de recursos para reinvestimento via tributação adicional dos dividendos aprofunda a dificuldade de financiar inovação, infraestrutura e ampliação produtiva. Relatórios setoriais e estudos de entidades como Abrasca e FecomercioSP destacam que a expectativa de arrecadação adicional pode ser frustrada em médio e longo prazo, já que a base tributável — o volume de lucros e dividendos distribuídos — tende a se reduzir diante da fuga de capitais e do redirecionamento dos grandes investidores.
Além disso, a perda de competitividade fiscal reduz a capacidade do Brasil de atrair novas empresas globais, o que afeta a adoção de tecnologia, a disseminação de boas práticas corporativas e, em última instância, a geração de empregos qualificados e renda nacional. O país se distancia de economias que combinam crescimento sustentado com clima favorável ao investimento.
Referências
[1] FecomercioSP discute tributação de dividendos e atualização da tabela do IR